agosto 12, 2006

desenhos 4

As forças ladraram a noite inteira, ameaçaram fugir, atormentar novos fantasmas. Agora, mantêm-se quietas, observando o horizonte neste calor insuportável, procurando por formas dispersas que passam pela névoa criada pelo vapor da terra...

Respeitam o silêncio imposto por seu mestre, curiosas tentam enxergar o que se passa no pensamento dele, que sentado ali, num monte adiante, completamente desprotegido de possíveis predadores, procura por uma estrela caída neste deserto sem fim...

Está cansado, rugas se formam lentamente em seu rosto, acompanhando o tempo de seus pensamentos. Está vestido de roupas suadas deste calor infernal. Carrega consigo apenas uma pedra: um simples olho de tigre, para espantar possíveis mal-olhados de pessoas que por ventura se atrevam a caminhar por esta solidão amarelada...

O sol castiga a pele, a alma, mas continua ali, procurando a estrela. Sabe que ela existe, mas não consegue sentir sua energia, não sabe por onde procurar. Pensa, racionaliza, formula teorias, caminhos, desenhos e novas linhas, mas a brisa da noite que raramente passa por lá desmancha todos os seus desenhos... tem que começar de novo... pensa, racionaliza, desenha novos caminhos.

Pergunta-se se não deve desistir da estrela e procurar por aquele cheiro de terra úmida que pensou ter sentido há tempos atrás. Não quer, tem esperança, mas tem dúvidas. Agora quer a noite envolvente, quer a brisa que ela traz, quer a luz da lua para envolvê-lo em outras cores. Espera ansiosamente pela noite, ela pode trazer novas formas de desenhar os caminhos...

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