setembro 25, 2006
a questão geográfica
A nós!
oito horas da manhã, depois de mais uma fatídiga noite de segunda feira procurando algo de muito interessante prá fazer nesta cidade tão métrópole quanto interiorana, voltamos ao ponto de encontro para subir os créditos de mais um filme B...
para começar, apenas um filmezinho de ação, com atores maravilhosos em suas poucas roupas e corpos exuberantes, com um jeitinho de cara mau, mas com o coração mole... segundo passo: procurar bares que não sejam apenas de casais (afinal, é dia dos namorados e somos três amigas comemorando nosso triângulo amoroso), gasta-se meio tanque de gasolina, procurando bares e mais bares, pessoas e diversões, papos e alegrias, fechando um a um, até voltar para nosso ponto preferido...
bom dia! bom trabalho! o Brasil vai ser hexacampeão!
risadas e mais risadas, até gargalhadas...
um engraxate passa por lá e pergunta se gostaria de engraxar minhas botas: sim, por que não? já é de manhã e seu preço me parece acessível... no meio de várias baforadas do segundo maço de cigarro comprado ali mesmo... ele começa a engraxar, contar sua vida de retirante do interior que deixou vários filhos com suas várias mulheres por esta terra de montanhas... não se apegam nestes valores nesta hora do dia, a reflexão aparece depois, em uma das conversas nostálgicas...
risadas, bom dia, bom trabalho e mais Hexacampeão! ... lá se vão mais algumas garrafas de caracu...
fim de mais uma noite passada em claro, de mais um dia dedicado a Baco...
um ciclo que se esvai com as gargalhadas e os olhares cortantes dos transeuntes...
uma despedida sem saber que ela em si representa o fim desse ciclo... a volta para uma londres eduardiana, esquecendo-se das roupas de folhas tropicais... lembranças boas apenas e a consciência que aproveitamos nossa amizade juvenil...
A nós!
setembro 15, 2006
diferentes formas de olhar 3
mais uma das coisas bonitas que ando procurando prá dar cheiro de terra molhada...
São 7 horas da manhã
Vejo Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas dos pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
É a esperança que eles tem
Neste filme como extras
Todos querem se dar bem
Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem protejer ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois
Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
setembro 13, 2006
diferentes formas de olhar 2
Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal
E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?
Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais
como estrelas que brilham em paz
lenine - o silêncio das estrelas
setembro 10, 2006
funeral de dias imersos
correntes do golfo voltam a aquecer a terra que se mantinha infértil abaixo das grossas camadas de neve
passarinhos começam a cantar empoleirados nos fios, olhando a velhinha que volta da feira carregando sua sacolas de frutas e cheiros
mudanças astrológicas se anunciam com a cor anil do céu de meio dia
um tapete de misótis emoldura a alameda cinzenta de outrora
ouvem-se passos chegando dos dias amargos que se encerram no final da tarde cor-de rosa...
last shades of sunset
it´s not so cold
but it feels freezing inside
sitting down on a bench
watching the sunset
waiting for the colour of the night
to embrace me
to confort me
shades of deep blue
sparkled with withe sugar candies
to warm my soul
in this cold winter days...
setembro 07, 2006
o grito do ipiranga
não quero ser mais uma tempestade tropical
quero ser algo fixo no horizonte,
algo certo e palpável
algo morno
quero que se mesclem com a minha correnteza, minha volatilidade, minha inconstância
quero sedimentar-me, afim de criar raizes, de criar juízo (por que ciso já tenho), de criar possibilidades infinitas e finitas de uma coisa diferente deste caminho que trilhei.
quero ser inteira e meia
quero ser rainha e sudita
quero ser mulher
quero ser uma pessoa linda
quero ser de verdade
setembro 06, 2006
frases inúteis
sou a gata borralheira,
e vou continuar assim...