agosto 26, 2006

notas de um caminho ainda desconhecido

caminhadas, viagens, coincidências...
vortex de emoções
olho do furacão

a brisa da noite desmanchou o caminho de novo...redesenhou linhas, criou perspectivas que agradam aos olhos. A estrela perdida no deserto continua lá, mas o cheiro de terra se torna mais vívido...ainda parece miragem, mas parece palpável...

olhar campos verdes, mar de montanhas ao invés deste deseto amarelado como páginas gastas de um livro antigo que se revive há tanto tempo. Deixar esta terra de ninguém (ou de todos) e procurar por novas aragens.

caminhada de muitos passos
de muito trabalho
de muita solidão
mas é só minha
minha necessidade de procurar um pedaçinho de terra prá ser minha, criar roseiras, ervas de cheiro, caracóis e borboletas

criar asas
criar raizes
criar!

agosto 23, 2006

respostas de cá

não adianta,
os destroços da tempestade estão aí, flutuando nos lagos, nos mares, soltos e remexidos na terra.
No momento em que se vê esta insólita paisagem, as lembranças de dias tranquilos vêem à tona...tomam forma e a vontade de se manter inteiro se desmancha.
Um bichinho de pelúcia, com um lacinho vermelho no pescoço, sujo de terra, intacto da destruição, no meio da casa no chão, me desmorona.
Apenas uma visão do que era antes, a lembrança do que se passou a pouco tempo, a dor que isso trouxe, me faz pensar em sumir desta terra de deus. Apenas um encontro com o passado, com os sonhos rasgados, me faz querer desaparecer na névoa...
Palavras que não conseguem ser ditas, engasgadas dentro da garganta, não apresentam nenhum significado agora, pelo menos para quem vê de fora, mas elas querem sair, com a mesma intensidade desta tempestade e querem ser sublinhadas, entendidas, desgastadas pela força da mente. continuam aqui, esperando que sufoquem-se sozinhas na destruição deixada por esta chuva pesada.

agosto 19, 2006

notícias de lá

A tempestade tropical Lupit ataca novamente a população da micronésia. Transforma o vilarejo chamado formosa em uma imensidão de restos de construção. Mudanças estruturais ocorreram juntamente com a chuva impetuosa e a fúria do mar. Hoje se vê apenas a devastação, pessoas desaparecidas dentro da imensidão do mar, casas destruídas, árvores arrancadas, carros destroçados. O choro das crianças à procura de suas mães ecoa sobre a terra.

Apesar da demolição, o desespero e a tempestade passaram, o vento do leste traz o cheiro doce da brisa do mar ao entardecer. O sol tenta atravessar a espessura das carregadas nuvens cinzentas, ainda não consegue, mas traz a esperança de reconstrução.

agosto 16, 2006

diferentes formas de olhar

cansada de escrever sobre o mesmo tema,
muda-se prá outra forma de poesia,
a música pode inspirar até mesmo os corações mais dilacerados.
tá aí uma que pode mostrar um pouco de que eu quero do mundo.

O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou
Eu não sou, não...
Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou...
Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a hora
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça

O que é bonito - lenine

agosto 15, 2006

28

Vou andando devagar
olhando para um lado
para o outro
rindo ali, pensando aqui
de repente
vejo você na minha frente
e até pararia de andar
se você não fosse
estacionamento proibido

- Martha Medeiros, Poesia Reunida-

agosto 14, 2006

constâncias

pungente
pulsante

cheiro de naftalina do armário que invade a casa insistentemente...
não há como mudar, não há como esquecer...
apenas esperar passar...
até que não se incomode com o cheiro nauseante que ela exala...

incessante
inconstante

espera-se a conformação,
espera-se a alienação,
espera-se a completa exaustão...

agosto 12, 2006

desenhos 4

As forças ladraram a noite inteira, ameaçaram fugir, atormentar novos fantasmas. Agora, mantêm-se quietas, observando o horizonte neste calor insuportável, procurando por formas dispersas que passam pela névoa criada pelo vapor da terra...

Respeitam o silêncio imposto por seu mestre, curiosas tentam enxergar o que se passa no pensamento dele, que sentado ali, num monte adiante, completamente desprotegido de possíveis predadores, procura por uma estrela caída neste deserto sem fim...

Está cansado, rugas se formam lentamente em seu rosto, acompanhando o tempo de seus pensamentos. Está vestido de roupas suadas deste calor infernal. Carrega consigo apenas uma pedra: um simples olho de tigre, para espantar possíveis mal-olhados de pessoas que por ventura se atrevam a caminhar por esta solidão amarelada...

O sol castiga a pele, a alma, mas continua ali, procurando a estrela. Sabe que ela existe, mas não consegue sentir sua energia, não sabe por onde procurar. Pensa, racionaliza, formula teorias, caminhos, desenhos e novas linhas, mas a brisa da noite que raramente passa por lá desmancha todos os seus desenhos... tem que começar de novo... pensa, racionaliza, desenha novos caminhos.

Pergunta-se se não deve desistir da estrela e procurar por aquele cheiro de terra úmida que pensou ter sentido há tempos atrás. Não quer, tem esperança, mas tem dúvidas. Agora quer a noite envolvente, quer a brisa que ela traz, quer a luz da lua para envolvê-lo em outras cores. Espera ansiosamente pela noite, ela pode trazer novas formas de desenhar os caminhos...

agosto 10, 2006

teias

aranhas pelas paredes
sobem incansavelmente para suas teias de ilusão
cheinhas de mosquitinhos prontos para serem devorados!
cada qual com suas teias mais bonitas, desenhadas pacientemente, à espera do que elas podem trazer...
reluzem nesta lua cheia, brilham cintilantes... prata, amarelo, verde, azul, vermelho...
acompanham o desenho da brisa, o perfume da dama entorpencente do anoitecer....
caminham, uma a uma, imaginado sua presa suculenta à espera do seu encontro final.
céu limpo, as estrelas adormecem nas teias, embalando os pobres mortais que se degladeiam inutilmente da última cartada...
pelas paredes...
tudo se silencia naquele momento de extase...
depois descansam, já pensando qual a próxima teia a ser desenhada...

agosto 09, 2006

desenhos 3

As borboletas renasceram
nada de novo no horizonte
o caminho continua apontando para o deserto sem fim
as forças se mantêm presas...
continua escuro
começam a borboletar de novo...
sensação de estanhamento...
suas asas ainda úmidas de vida nova
mal sabem elas o fim que as aguardam
a lua começa a despontar no horizonte, ao longe...
os mares de além mudam a direção de suas ondas, com a brisa que chega do leste
os caminhos continuam os mesmos...
as forças dormem solenemente depois de um dia exaustivo de discussão
será que o deserto chegou ao fim? ou o que sinto é uma miragem de um cheiro ocre de terra úmida?
só as forças poderão me contar...
por enquanto me guio por elas
quem sabe elas não se comportam? tão dóceis quanto tigresas que lambem a sua nova ninhada...

agosto 06, 2006

possessividade

noites falidas...
vontades inacabas...
suspense...
drogas, alcool, rock n' roll...
válvula de espape de mim...
desejo de ser o outro...
de possuir o outro, ser dono, saber seus pensamentos
incognita
olhos de lince borrados de rímel, sem conseguir enxergar um palmo a frente
escuridão
inconsciente a flor da pele
sem razão prá estar ali...
apenas um desejo de fugir de mim...
incomodada por saber a razão e não poder mudá-la...
não poder fazer o mundo girar sobre meu umbigo...
possessividade...
alma machucada...

agosto 04, 2006

insanidade à flor da pele

mais um daqueles dias femininos...
ataques histéricos com direito a choradeira non sense!
vai entender a bioquimica...
insanidade à flor da pele!
nós mulheres realmente temos um pezinho lá no galba veloso, só pode...
não dá prá entender porque esta mudança hormonal nos transforma em outras personas...
neste ponto, deixamos de ser pessoas racionais e com controle emocional para nos tornarmos loucas! choradeiras, ataques histéricos, patadas, sensação de desequilíbrio, dor de cabeça, seios inchados... seja qualquer um dos sintomas, todas sofremos ao menos com uma porcentagem (às vezes mais altas) que nos desmoralizam na frente até de nossas amigas... até pagar os maiores micos somos capazes de fazer, apenas por uma contrariada na lógica regente do dia...
vai entender a bioquimica...
mas sem isso não haveria a possibilidade do outro dia trazer gargalhadas das estapafúrdias que fazemos...o melhor dessa história toda!
no mais, gerais!

agosto 01, 2006

desenhos 2

As linhas se delineiam de novo, não pelo caminho mais fácil de ser percorrido, ou pelo mais desejado entre os viajantes de mil léguas...
as borboletas começam a desmanchar suas asas, caídas uma a uma, por uma tristeza de saber que não poderão viver para sempre...
novos caminhos se abrem naquela direção, sobre um deserto árido e sem qualquer sinal de chegar ao fim.
Enfim, podemos imaginar que controlamos as forças, mas elas estão por aí, prontas para fugirem da coleira e desmanchar as linhas já traçadas pelo caminho...
nos resta esperar, sem qualquer tipo de guia ou luz prá nos acompanhar, solitários apenas, absortos em nossos próprios fantasmas, até que as forças nos venham pregar peças de novo...